CONEN BAHIA

CONEN - COORDENAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES NEGRAS-FÓRUM BAHIA

segunda-feira, 2 de abril de 2012

21 de março - Dia Internacional de Luta Contra o Racismo

“DEVE SER LEGAL SER NEGÃO NO SENEGAL”- CHICO CÉSAR

O dia 21 de março foi uma data instituída pela ONU em 1969 para defendermos a igualdade dos povos. Do ponto de vista histórico, a data surgiu logo depois do massacre ocorrido na cidade de Sharpeville na África do Sul quando a polícia do Apartheid matou 69 negros e feriu 180, no dia 21 de março de 1960. Além disto, a data serve como alerta para aqueles que ingenuamente acreditam na superioridade de raças, pois é preciso que todos se conscientizem da importância de lutarmos pela fraternidade, harmonia entre os seres humanos e a ideia da unicidade biológica da espécie humana.

No mundo moderno, o racismo é uma forma de escravizar o ser humano, admitindo conceitos que impedem a realização da dignidade humana. Nesse sentido esta data é uma forma da humanidade pensar no preconceito racial que impera no mercado de trabalho e nos lares de nossas casas através da televisão, sobretudo no cotidiano dos brasileiros que não assumem geralmente o seu racismo. Ainda há muitos brasileiros que preferem acreditar que a sociedade não tem racismo, dizendo que nós somos uma sociedade marcada pela igualdade das raças. Será que somos realmente o que Gilberto Freire escreveu no livro Casa Grande e Senzala?

No Brasil, o Movimento Negro vem lutando para afirmar a nossa cidadania desde os tempos dos navios negreiros. O desejo é um só: que brancos e negros vivam com dignidade e igualdade, apesar dos governantes conservadores dizerem por aí que todos somos iguais perante a lei, coisa que há muito tempo o movimento negro já desmentiu. A verdade é que o Brasil nunca foi cordial ou tratou algum dia com igualdade os seus habitantes de pele negra, tendo em vista que o nosso país é Campeão mundial de violação dos direitos humanos da nossa comunidade negra. No Brasil, por exemplo, de cada 4 pessoas que a polícia mata, 3 são negras. Só na Paraíba para cada jovem branco que é assassinado de forma violenta, morrem 20 jovens negros como foi divulgado em relatório pelo Ministério da Justiça.

Diante desse quadro, o racismo é o principal vetor responsável pelas péssimas condições humanas de nossa população afro-brasileira. Portanto, na minha concepção, a suposta democracia racial é um mito criado para esconder esta brutal desigualdade racial, mito este, que muitos políticos e empresários adoram divulgar para o conjunto de nossa população, uma vez que ele funciona como uma forma de anular as nossas críticas a esse injusto, desumano e racista sistema capitalista que historicamente vem atuando no sentido de impedir o povo brasileiro de enxergar suas profundas raízes africanas (o Brasil não é a malhação da Globo!).

Vamos acabar com todas as formas de discriminações contra os índios, judeus, cigano, etc. É preciso a luta de todas as etnias para que possamos enfrentar esse monstro chamado de racismo. A inspiração para pôr fim às desigualdades étnicas vem do Quilombo de Palmares onde os palmarinos nos ensinaram a viver num país democrático e com justiça social para todos. Pena que a Revista Pais e Filhos ainda não aprendeu a lição, pois já faz um ano que ela não traz uma criança negra na capa, segundo o Correio Nagô da cidade de Salvador e isto só demonstra o quanto estamos longe de vivermos uma verdadeira democracia racial.

Jair Silva- Historiador, Coordenador do Movimento Negro de Campina Grande e aluno do Curso de Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira da UEPB.

Um dos maiores nomes do samba baiano, morreu por falência múltipla de órgãos

Morreu nesta sexta-feira (30), aos 68 anos, devido a falência múltipla dos órgãos, o sambista Ederaldo Gentil. Cantor e compositor da geração mais talentosa do samba baiano, Ederaldo Gentil nasceu no dia 7 de setembro de 1943. Ao lado de nomes como Edil Pacheco e Batatinha se notabilizou como um dos maiores sambistas da Bahia. Gravado por Clara Nunes, o maior sucesso de Ederaldo foi o poético samba "O Ouro E A Madeira", que trazia a letra "O ouro afunda no mar, madeira fica por cima, ostra nasce do lodo, gerando pérolas finas". O enterro está marcado para este sábado (31), às 16 horas, no Cemitério do Campo Santo.
Foto: Reprodução

Antes de se enveredar pela música teve uma rápida passagem pelo mundo da bola, atuando como meia-esquerda no Esporte Clube Guarany, onde fazia dupla com o ex-jogador André Catimba (que mais tarde fez história no Esporte Clube Vitória). Consta que Ederaldo Gentil chegou também a treinar no Vitória. Foi na música, no entanto, que acançou seu primor profissional.
Lançou cinco discos, entre álbuns de carreira e coletâneas, com apenas dois deles sendo editados em CD, além de um compacto simples.  A estreia foi o compacto simples "Triste samba/O ouro e a madeira", lançado em 1973 pela Chanteclair, no qual apresentou o maior sucesso da carreira. Em 1975, também pela Chanteclair, lançaria o primeiro disco "Samba, Canto Livre de um Povo", que também trazia a clássica "O Ouro E A Madeira. Ainda pela Chanteclair, lançou, em 1976, "Pequenino". Seis anos depois, em 1983, soltou o álbum "Identidade", pela Nosso Som Gravações e Produções.
Muitos anos depois, em 1999, a Copene - Companhia Petroquímica do Nordeste lançou em CD o álbum "Pérolas finas". Produzido pelo amigo Edil Pacheco, o disco, uma espécie de tributo, trazia nomes como Gilberto Gil, João Nogueira, Luiz Melodia, Elza Soares, Carlinhos Brown e Beth Carvalho cantando suas composições.
Em 1998, a EMI lançou o disco "Diplomacia", de Batatinha, que trazia Ederaldo ao lado do próprio Batatinha, além de Nélson Rufino, Walmir Lima, Edil Pacheco e Riachão na faixa "De revólver não". O disco trazia ainda uma de suas parcerias com Batatinha, "Ironia", interpretada por Jussara Silveira. Atualmente, um projeto da Garimpo Discos está em curso para relançar numa caixa os quatro discos do sambista. 
Deprimido e desanimado com a vida artística, Ederaldo se isolou e viveu durante os últimos anos uma espécie de exílio voluntário em sua casa no bairro da Vila Laura, onde residia com a irmã Denise Gentil e outros familiares. Doente, passou muitos anos sem
Fonte: Correio da Bahia
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