21 de março - Dia Internacional de Luta Contra o Racismo
“DEVE SER LEGAL SER NEGÃO NO SENEGAL”- CHICO CÉSAR
O dia 21 de março foi uma data instituída pela ONU em 1969 para
defendermos a igualdade dos povos. Do ponto de vista histórico, a data
surgiu logo depois do massacre ocorrido na cidade de Sharpeville na
África do Sul quando a polícia do Apartheid matou 69 negros e feriu 180,
no dia 21 de março de 1960. Além disto, a data serve como alerta para
aqueles que ingenuamente acreditam na superioridade de raças, pois é
preciso que todos se conscientizem da importância de lutarmos pela
fraternidade, harmonia entre os seres humanos e a ideia da unicidade
biológica da espécie humana.
No mundo moderno, o racismo é uma forma
de escravizar o ser humano, admitindo conceitos que impedem a
realização da dignidade humana. Nesse sentido esta data é uma forma da
humanidade pensar no preconceito racial que impera no mercado de
trabalho e nos lares de nossas casas através da televisão, sobretudo no
cotidiano dos brasileiros que não assumem geralmente o seu racismo.
Ainda há muitos brasileiros que preferem acreditar que a sociedade não
tem racismo, dizendo que nós somos uma sociedade marcada pela igualdade
das raças. Será que somos realmente o que Gilberto Freire escreveu no
livro Casa Grande e Senzala?
No Brasil, o Movimento Negro vem
lutando para afirmar a nossa cidadania desde os tempos dos navios
negreiros. O desejo é um só: que brancos e negros vivam com dignidade e
igualdade, apesar dos governantes conservadores dizerem por aí que todos
somos iguais perante a lei, coisa que há muito tempo o movimento negro
já desmentiu. A verdade é que o Brasil nunca foi cordial ou tratou algum
dia com igualdade os seus habitantes de pele negra, tendo em vista que o
nosso país é Campeão mundial de violação dos direitos humanos da nossa
comunidade negra. No Brasil, por exemplo, de cada 4 pessoas que a
polícia mata, 3 são negras. Só na Paraíba para cada jovem branco que é
assassinado de forma violenta, morrem 20 jovens negros como foi
divulgado em relatório pelo Ministério da Justiça.
Diante desse
quadro, o racismo é o principal vetor responsável pelas péssimas
condições humanas de nossa população afro-brasileira. Portanto, na minha
concepção, a suposta democracia racial é um mito criado para esconder
esta brutal desigualdade racial, mito este, que muitos políticos e
empresários adoram divulgar para o conjunto de nossa população, uma vez
que ele funciona como uma forma de anular as nossas críticas a esse
injusto, desumano e racista sistema capitalista que historicamente vem
atuando no sentido de impedir o povo brasileiro de enxergar suas
profundas raízes africanas (o Brasil não é a malhação da Globo!).
Vamos
acabar com todas as formas de discriminações contra os índios, judeus,
cigano, etc. É preciso a luta de todas as etnias para que possamos
enfrentar esse monstro chamado de racismo. A inspiração para pôr fim às
desigualdades étnicas vem do Quilombo de Palmares onde os palmarinos nos
ensinaram a viver num país democrático e com justiça social para todos.
Pena que a Revista Pais e Filhos ainda não aprendeu a lição, pois já
faz um ano que ela não traz uma criança negra na capa, segundo o Correio
Nagô da cidade de Salvador e isto só demonstra o quanto estamos longe
de vivermos uma verdadeira democracia racial.
Jair Silva- Historiador, Coordenador do Movimento Negro de Campina
Grande e aluno do Curso de Especialização em História e Cultura
Afro-Brasileira da UEPB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário